segunda-feira, 30 de abril de 2012

Tereza

Ôh Tereza, lave com sabão essa mancha de batom.
Faça daquele jeito que só você sabe:
- segure forte com as duas mãos e jogue esse lençol
lá em cima, peça ao Pai que ela saia e cante músicas
de lavadeira para o pedaço de pano bater forte na pedra.

Olhe Tereza, coloque essa coisa estampada de vermelho
na cerca e não ouse se lembrar como o sujou.
Não me venha com esses suspiros de menino chorão
e olhos todos cheios de "me ame com vontade".
- é hora de estender as manchas, Tereza.

Espera secar, mulher do pedreiro!
As coisas precisam secar depois de lavadas!
Não desconte no pano branco a tentativa frustrada
de tirar mancha de batom da noite viva.
- tu fizeste, Tereza, mas tu sabia que manchas assim
não saem facilmente. Tu quiseste, Tereza. Tu e o pedreiro.

Agora é deixar que o tempo faça velhas essas
coisas vermelhas e ainda vivas.
Enquanto isso, volta no rio e deixa o pedreiro trabalhar.
Volta no rio e se esparrame na poesia molhada de Deus.


Tarcila Santana

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