sábado, 14 de abril de 2012

Montanha com amor


E quando a lua desce, as minhas barreiras caem na escuridão das tuas noites.
Eu me desmancho e tomo um café na janela da varanda, misturado ao vento que ameaça trazer pingos de chuva para lavar os nossos corpos. Tu, sentas numa cadeira de balanço lá fora e se cobre com cobertor quente de amor e também tens café em suas mãos. E tudo se torna tão quente. Eu lá dentro. Tu lá fora. Tão distantes e tão quentes. - Pra quem viu, sabe que montanhas vistas de longe, parecem tão próximas, tão verdes. Mas estava coberta de gelo aquela montanha. Quem me dera se Deus, com seu quente-frio enorme, derramasse café quente na montanha. Queria tanto ver seus olhos de montanha. Queria tanto que ela viesse para o lado de dentro ver montanhas sendo regadas por Deus... Seria tão belo uma coisa quente caindo do céu, é bom de se ver. Mas ela estava sentada do lado de fora e com xícara nas mãos. E nem queria saber de montanhas de gelo ou de amor ou de café. Sei que eu estava ali e ninguém me via. E fazíamos movimentos de vai e vem à boca. Um gole pequeno, assoprávamos, um gole grande e dois goles seguidos. Às vezes eu engolia uma montanha, mas isso é normal - é coisa de Deus. 

Tarcila Santana

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